A estreia da tarde ficou por conta do projeto Deixa Eu Beber Em Paz, que conduziu a primeira etapa do evento a partir das 13h, ao sabor do aroma do feijão que, há mais de uma década, se tornou referência do calendário caciqueano. O grupo também acompanhou Leonardo Bessa e Jorgynho Chinna em apresentações memoráveis.
Como a primavera, a Corte Curumim floresceu em compassos que espalharam alegres sorrisos. Neste período em que se celebra o dia de Cosme e Damião, os Eres, as crianças, é preciso lembrar que o futuro feliz e consciente, inclusive nas artes, na cultura e principalmente no samba, depende do hoje, da construção dos novos artistas e foliões caciqueanos. Tratando com legitimidade a felicidade das pequenas princesas, que chamam a atenção pela vibração do samba.
Na área reservada, mais um dia de festa. A presença da comitiva salgueirense, liderada pelo vice-presidente Joaquim Cruz, que comemorou seus 82 anos de vida ou, como se diz popularmente, mais uma primavera. Ao lado da família, o dirigente da vermelha e branca da Rua Silva Teles festejou com samba, sabedoria e um domínio sofisticado, cheio de doçura de uma comunidade apaixonada pelo Torrão Amado.
Enquanto o palco se preparava para a transição dos grupos, a Diretoria de Ouro, juntamente com a presidente Karla Marcely Nascimento, reuniu-se no Espaço Bira Presidente para recepcionar a equipe da Tia Penha, que há dois meses convidou a instituição fundada por Bira Presidente para colaborar na Campanha do Agasalho “Abraço que aquece”. A campanha ultrapassou a marca esperada pelas organizadoras e gerou resultados concretos na linha de frente da assistência às vulnerabilidades, tocando profundamente quem recebeu e quem doou.
Mais do que números, o que se viu foi a força de uma rede solidária. Cada peça arrecadada carregava consigo esperança. E, naquele encontro, entre abraços e olhares emocionados, ficou evidente que o calor que aquece não vem apenas dos agasalhos, mas do compromisso coletivo com quem mais precisa. A ação envolvendo o Cacique de Ramos ganhou contorno ainda mais expressivo pela atuação dos componentes da Bateria Tamarindo de Ouro, mobilizados pelo Mestre Xula e pelo vice-presidente do bloco, Márcio Nascimento.
Logo após, já com o grupo Caciqueando no comando da Roda de Samba, o momento de agradecimento se estendeu para o palco, antecedendo o desfile da porta-estandarte Joana Darc, que abriu caminhos para a apresentação da Corte, a Glória Caciqueana. Serginho Picciani, convidado desta edição, também agraciou o público com repertório e performance. Já a última inserção no cronograma foi Margarete Mendes, com seu toque magistral que une canto e interpretação corporal, enfatizando as danças afro.
Como a nova estação, o Cacique se renova: lança sementes que vão desabrochar sob a sombra da tradição das Tamarineiras consagradas à ancestralidade.
Em outubro, acontecerá a edição 143 da feijoada, com mais surpresas para este Doce Refúgio.
Nayra CezariASCOM Cacique de Ramos