No segundo domingo de agosto, o Cacique de Ramos viveu um Dia dos Pais marcado pela presença de famílias e homenagens, entre elas a dedicada ao músico Arlindo Cruz, que nos deixou na sexta-feira, 8 de agosto. Todos os convidados uniram-se em canto e sentimento para celebrar sua memória, afirmando a importância de sua contribuição para a cultura e o samba. A data foi também vivida em meio à ausência do Cacique Maior, Bira Presidente, pai da atual Presidente Karla Marcelly e da Diretora-Geral Cristhian Kelly. Pela primeira vez, o encontro foi celebrado sem a presença do líder que, por décadas, foi referência de autoridade afetiva e institucional na história do bloco.

No plano da simbologia paternal, o Cacique de Ramos transcende o vínculo biológico das dirigentes. É também o exercício de transmitir valores, proteger memórias e sustentar conexões que estruturam uma coletividade, mantendo o compromisso com os próximos passos deste grêmio recreativo.

Após a intensa programação na sexta-feira da Noite dos Enredos, na Cidade do Samba, e no sábado, com a recepção ao Terreiro de Crioulo, no Doce Refúgio, o domingo, 10 de agosto, abriu espaço para um encontro que somou confraternização e emoção. Às 17h, o grupo Caciqueando deu início à roda de samba, enquanto o telão transmitia futebol e o salão nobre acolhia famílias.

No segundo set, o vocalista Jorge Alexandre, do grupo Quintal da Magia, apresentou a música “Paralisou”, composição que tem ganhado espaço nas rádios de alcance estadual. Além disso, integrou ao repertório algumas canções de Arlindo Cruz, a quem se referiu pelo título de uma de suas músicas e da biografia recentemente lançada: “O Sambista Perfeito”. A escolha reforçou o reconhecimento à sua trajetória e ao significado que seu nome representa para o samba. A Corte do Carnaval, dançando com entusiasmo e simpatia do início ao fim, apresentou o talento de Amanda Prestes, Laryssa Maya e Bella Carrulo.

No Espaço Bira Presidente, a Diretoria de Ouro prestou homenagens aos diretores que são pais, com entrega de brindes e direito a bolo de chocolate, reforçando o reconhecimento institucional. Dois pais do público também foram agraciados, recebendo as lembranças das mãos do vice-presidente Márcio Nascimento e da diretora-geral Cristhian Kelly.

O palco também recebeu o grupo Pirraça, que apresentou um set de composições autorais espetaculares, sucessos de décadas de existência, preparando o ambiente para a retomada do Caciqueando, desta vez com a estreia de André Campanhã. Sambista de trajetória independente, o cantor apresentou a música “Plano de Deus” e se emocionou com a receptividade do público. Das participações especiais, Margarete Mendes, mais uma vez, trouxe para a roda seu carisma e a entrega. Ela impressionou pela atuação eloquente e pela escolha do repertório que traduziu comoção por Arlindo Cruz e a espiritualidade ritualizada da casa. Uma diva!

Nem a chuva fina nem o frio alteraram a aura aquecida no Templo Sagrado do Samba, onde o público permaneceu até o encerramento. Foi um Dia dos Pais celebrado com samba e a consciência de que, no Cacique de Ramos, cada evento carrega o peso da história e transfigura-se na leveza da convivência, fazendo tudo valer a pena.

Viva ao Sambista Perfeito, Arlindo Cruz!

Viva a Bira Presidente, eternizado em cada um de nós, por quem “O Show há de Continuar”!

Viva ao Dia dos Pais!