NOTA OFICIAL

O Cacique de Ramos compreende e respeita o debate identitário. No entanto, pedimos licença para falar da nossa trajetória, cujo início se deu em 20 de janeiro de 1961.

Desde então o Cacique de Ramos se mantém firme no propósito inegociável da defesa do amor à cultura, ao respeito, à inclusão social, ao samba. Os pioneiros do bloco possuíam nomes indígenas e eram ligados à Umbanda. A agremiação nunca perdeu de vista o componente religioso no seu dia a dia nem suas referências desde a fundação.

Quanto à nossa identidade visual, ela sempre foi uma verdadeira miscelânea de referências. No melhor estilo da antropofagia, as fantasias e o visual do bloco juntam referências a indígenas americanos e eventualmente brasileiros.

Fora isso, o Cacique é página importantíssima da cultura popular carioca, seja através dos seus desfiles de carnaval, e da história do pagode, que nos anos 80 ajudou a revelar tantos nomes do samba carioca. Hoje permanece como um polo de resistência no subúrbio do Rio, mantendo projeto social e um centro de memória, além de não cobrar entrada nos seus eventos.

Sobre a reação negativa ao Cacique, a instituição desconhece a origem dessa manifestação, seus ideólogos e seus propósitos, bem como se há conhecimento sobre a origem e história do Cacique de Ramos. Tampouco o significado de “cancelar” o Cacique de Ramos, como se possível fosse impedir a livre e legítima manifestação população. Algumas vezes tentaram, mas a força do samba, da cultura e dos valores defendidos pelo Cacique de Ramos sobrepujaram todos os obstáculos.

Nos cabe fazer menção tanto à forma pela qual soubemos desse “cancelar”, quanto ao lúcido posicionamento de uma das maiores autoridades brasileiras sobre samba e cultura, Prof. Luis Antonio Simas: https://www.facebook.com/story.php?story_fbid=2825532884202861&id=100002385328601

O diretor do Centro de Memórias Do Cacique de Ramos, historiador Walter Pereira Jr, igualmente se manifestou naquela rede social e destacou o quanto a história do Cacique de Ramos reverbera positivamente em todos os que permeiam o bloco, sejam eles nacionais ou estrangeiros, índios e não índios.

Frisamos que a ninguém é dado amar o que desconhece. Por isso convidamos a todos para conhecerem a história do Cacique de Ramos para terem a certeza de que não se trata de apropriação cultural, mas de justa homenagem aos índios, verdadeiros donos de nossa terra!