O Cacique de Ramos surgiu do encontro de grupamentos carnavalescos de jovens do bairro de Ramos, zona norte carioca. A união tem como data formal 20 de janeiro de 1961. Desfilou dois anos no bairro de origem, e a partir de 1963 passou a figurar no carnaval do Centro da cidade. Daí em diante, a agremiação se firmou como um bloco de embalo, tornando-se um fenômeno de multidão, nos anos 60 e 70, ao atrair foliões de várias regiões do Rio. O bloco se tornou referência no carnaval de rua, com seus desfiles vibrantes e a fantasia de indígena estilizado. Merecem destaque, ainda, a participação de representantes da agremiação em concursos de miss, a gravação de discos próprios com a produção musical de seus compositores, e a participação em concursos de músicas carnavalescas. No início dos anos 70, o Cacique pôde ocupar uma sede permanente, e os integrantes e amigos começaram a realizar rodas de samba na sua quadra, reveladas para o mundo pela cantora Beth Carvalho através do LP “De Pé no Chão” (1978). A partir daí, desdobrou-se um movimento que ajudou a florescer grandes nomes do samba carioca, a notabilizar uma nova instrumentação - o tantã, o repique de mão e o banjo - e a consolidar o pagode do Cacique de Ramos como um intenso polo de sociabilidades. A instituição permanece ativa há seis décadas, realiza seu tradicional pagode aos domingos, e nunca deixou de desfilar no carnaval. Reconhecida como patrimônio cultural carioca (2005), foi objeto de diversas homenagens, com destaque para o enredo da Estação Primeira de Mangueira "Vou Festejar! Sou Cacique, Sou Mangueira" (2012), sendo notoriamente uma referência da cultura popular do Rio de Janeiro. Walter Pereira - Historiador e coordenador do Centro de Memória Domingos Félix do Nascimento do G.R. Cacique de Ramos.