A missa de 30 dias de falecimento de Bira Presidente aconteceu na quadra do Cacique de Ramos, na presença das filhas do líder do bloco, Karla Marcelly e Cristhian Kelly, dos netos Yan e Brian, e da bisneta Lua. Além dos inúmeros familiares, estiveram presentes a Diretoria de Ouro, Bateria, cantores, músicos e a Corte do Carnaval da instituição.
O tempo passou, mas parece que foi ontem que toda a família caciqueana, os fãs, amigos e parentes o aplaudiam ao vê-lo dançar o miudinho. Trinta dias de saudade. O tempo, que passou depressa como o sopro do vento, resolveu parar. O senso comum não sabe explicar.
A missa foi o acolhimento e o acalanto que todos precisavam. Naquele instante, se percebeu a inspiração divina. Estamos reunidos para a missa em sufrágio da alma de nosso irmão e amigo Bira Presidente. Disse o Cônego Júlio, da Igreja Matriz São Geraldo, que há treze anos ministra as celebrações na quadra do Cacique de Ramos.
A primeira leitura da missa foi do Livro do Êxodo (Ex 1,8-14.22), realizada pelo administrador do bloco e genro de Bira Presidente, Márcio Nascimento. Seguiu-se a leitura do Salmo Responsorial – Salmo 123(124) “Nosso auxílio está no nome do Senhor”, proclamado por Yan, primeiro neto do líder caciqueano.
O evangelho desta segunda-feira, 14 de julho de 2025, foi retirado do livro de Mateus 10,34–11,1: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer a paz, mas sim a espada. (…) Quem não toma a sua cruz e não me segue, não é digno de mim. (…)”
Em sua homilia, padre Júlio explicou: esse evangelho traz uma mensagem muito forte sobre o compromisso real com o seguimento de Cristo. Jesus não fala de uma paz acomodada, mas de uma escolha que pode gerar rupturas, mesmo no seio familiar, quando se trata de colocar Deus em primeiro lugar. É um chamado à coerência, coragem e entrega, mesmo diante de conflitos ou perdas. E, no final, ele valoriza até os gestos mais simples, como oferecer água a quem precisa, mostrando que toda ação feita com amor e fé tem valor eterno.
Em um misto de conforto e exposição da própria emoção, o querido pároco representou a cada um dos que estavam presentes. Nos desdobramentos da celebração, com todos voltados para a direção das tamarineiras para visualizarem o tótem com a imagem de Bira Presidente, ao som de “Noites Traiçoeiras”, a comoção tomou conta. O canto, a oração, se fez. O tótem foi abençoado, e a ausência, tão dura, tão sentida, foi se transmutando, dando lugar à gratidão, à leveza, à paz.
Ele, o Presidente, semeou o amor com o toque de seu pandeiro e seu sorriso. Sua energia, gentileza e elegância, tão nobre, revelavam a mais pura simplicidade. Personalidade impactante e generosa. Sua capacidade agregadora jamais será esquecida. Sua força gira em torno do Doce Refúgio. Seu nome está gravado nas tábuas da história, não só do Cacique.
Sua missão foi cumprida. A nossa começa agora.